quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A Tirania da Pressa


Há momentos na vida em que imaginamos Deus muito distante, sem pressa alguma em nos atender, indiferente ao clamor da nossa voz, à dor que nos aperta o peito. A sensação da demora de Deus nos angustia a alma, e nos limites da nossa humanidade perguntamos: “Até quando Senhor? ’’ Este é o grito que muitas vezes está preso em nossa garganta. “Até quando vamos suportar (...)?’’ Teremos que esperar?
Essa sensação de quase abandono, por conta da aparente demora de Deus, muitas vezes coloca nossa fé em xeque-mate. Parece até que toda a construção da nossa espiritualidade vai desmoronando, como um edifício em ruínas. A paciência vai sendo vencida pela agonia; a fé, ainda que contra a nossa vontade, entra em crise, abalada pela pressão dos ventos contrários, que jogam sobre nós a poeira da incredulidade.
Entre nossas necessidades mais urgentes e a sensação da demora de Deus, há algumas lições importantes que precisamos aprender. A primeira, é a relação entre o tempo de Deus e o nosso. Ele não tem pressa. O agir de Deus, como Senhor do tempo e da historia, e a exata medida de sua precisão. Deus é perfeito em tudo que faz. A pressa é um das características do agir humano, permeado pela ansiedade, pela insegurança e, sobretudo, pela sensação oculta de fragilidade que há dentro de nós. Deus é soberano.
Em segundo lugar, o tempo de Deus é, também, um tempo pedagógico. Enquanto nós esperamos, Ele nos está ensinando algo. Muitas vezes trabalhando nossa interioridade mudando nossas percepções, nossos valores, moldando as estruturas deformadas do nosso caráter ou mesmo, nos dando visões novas sobre o emergente que nos circunda. Muitas vezes nos intervalos entre a dor e o sorriso, a ansiedade e a paz, a doença e a saúde, tornamo-nos pessoas diferentes, interiormente curadas, humanamente melhores.
Geralmente, temos dificuldades em lidar com nossas limitações. Nossos esquemas racionais de tomadas de decisões nem sempre funcionam bem. Estamos sujeitos às surpresas que a própria vida nos reserva. Ocorre que o curso natural da vida não depende de nós, mas do Criador, Senhor da história. Quando tudo parece totalmente perdido, ele entra em cena nos surpreendendo. No silêncio ouvi-se a sua voz. Do nada, Ele faz surgir o necessário. Deus sempre nos surpreende.
Por isso, saber viver é aprender a plantar semente de fé, é também, saber esperar pelo dia de amanhã, sabendo que: “O pranto pode durar uma noite, mas a alegria virá no amanhecer.“ O segredo é não se apavorar, entendendo que as aparentes derrotas de hoje, estão construindo os caminhos para as vitórias que virão amanhã.
O importante é não apenas perguntarmos: Até quando? Mas, o que podemos aprender através desta experiência? O que este momento pode nos ensinar? Por tanto, nunca nos esqueçamos: Deus jamais falha, nós é que nos angustiamos. Deus não tem pressa!

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