Um sábio chegou a um pequeno vilarejo, onde pretendia instalar-se por algum tempo. Gran-de parte dos habitantes do lugar o ignorou, enquanto outros se sentiram incomodados com a sua presença. Apenas um pequeno grupo de jovens se interessou pelos seus ensinamentos e passou a acompanhá-lo. Certo dia, andava ele pela vila com alguns de seus discípulos, quando algumas pessoas começaram a insultá-lo com palavras horríveis. O sábio, ao invés de, como era esperado, seguir o seu caminho e não lhes dar atenção se dirigiu aos seus agressores e os abençoou. Os jovens, olhando aquilo, ficaram indignados, e perguntaram: -Como pode o senhor responder dessa forma a tantos insultos?! E o sábio, então, disse: "-Cada um de nós só pode dar ao outro aquilo que tem..."
segunda-feira, 30 de abril de 2012
A Resposta
Um sábio chegou a um pequeno vilarejo, onde pretendia instalar-se por algum tempo. Gran-de parte dos habitantes do lugar o ignorou, enquanto outros se sentiram incomodados com a sua presença. Apenas um pequeno grupo de jovens se interessou pelos seus ensinamentos e passou a acompanhá-lo. Certo dia, andava ele pela vila com alguns de seus discípulos, quando algumas pessoas começaram a insultá-lo com palavras horríveis. O sábio, ao invés de, como era esperado, seguir o seu caminho e não lhes dar atenção se dirigiu aos seus agressores e os abençoou. Os jovens, olhando aquilo, ficaram indignados, e perguntaram: -Como pode o senhor responder dessa forma a tantos insultos?! E o sábio, então, disse: "-Cada um de nós só pode dar ao outro aquilo que tem..."
Vocação
"As coisas a propósito das quais encontramos mais depressa as mais justas e vigorosas palavras, são certamente aquelas que estamos vocacionados para fazer ou para aprofundar." [Paul Valéry]
Ontem(domingo) foi o dia mundial da Vocação. Quem me dera saber com exatidão qual é a minha. Que o meu bom Deus me mostre-a, e que esteja de olhos e mente bem abertos para saber reconhecê-la.
Ontem(domingo) foi o dia mundial da Vocação. Quem me dera saber com exatidão qual é a minha. Que o meu bom Deus me mostre-a, e que esteja de olhos e mente bem abertos para saber reconhecê-la.
domingo, 29 de abril de 2012
Conversa de um bebê com Deus
Um bebê perguntou a Deus: "Dizem-me que estarei sendo enviado à Terra amanhã, mas como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?"
Deus disse: "Seu anjo estará esperando por você e vai cuidar de você."
A criança ainda perguntou: "Mas diga-me, aqui no céu eu não tenho que fazer nada mais que, cantar e sorrir para ser feliz."
... Deus disse: "Seu anjo cantará para você e sorrirá para você. E você sentirá o amor do seu anjo e será feliz."
Novamente a criança perguntou: "E como é que eu vou ser capaz de entender o que as pessoas falam comigo se eu não sei a língua que eles falam?"
Deus disse: "Seu anjo lhe dirá as palavras mais belas e doces que você alguma vez ouviu, e com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar."
"E o que vou fazer quando eu quiser falar com você?"
Deus disse: "Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar."
"Quem me protegerá?"
Deus disse: "Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar sua própria vida."
"Mas eu serei sempre triste porque eu não te verei mais."
Deus disse: "Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim, lhe ensinará a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você."
Nesse momento havia muita paz no céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas e a criança apressada pediu: "Deus, se eu tenho que ir agora, por favor me diga o nome do meu anjo."
Deus disse: Você chamará seu anjo de "mãe".
[Vi esse texto no face de uma amiga e não resisti! Furtei p/ mim! :)]
Na foto, eu e meu lindo Anjo, como sou sortuda! Deus a proteja sempre! Saudades inexplicável! Como eu a amo!
sábado, 28 de abril de 2012
Cântico dos Cânticos, 6
1. | - Para onde foi o teu amado, ó mais bela das mulheres? Para onde se retirou o teu amigo? Nós o buscaremos contigo. | |
2. | - O meu bem-amado desceu ao seu jardim, aos canteiros perfumados; para apascentar em meu jardim, e colher lírios. | |
3. | Eu sou do meu amado e meu amado é meu. Ele apascenta entre os lírios. | |
4. | - És formosa, amiga minha, como Tirsa, graciosa como Jerusalém, temível como um exército em ordem de batalha. | |
5. | Desvia de mim os teus olhos, porque eles me fascinam. Teus cabelos são como um rebanho de cabras descendo impetuosamente pelas encostas de Galaad. | |
6. | Teus dentes são como um rebanho de ovelhas que sobem do banho, cada uma leva dois (cordeirinhos) gêmeos, e nenhuma delas é estéril. | |
7. | Tua face é como um pedaço de romã debaixo do teu véu. | |
8. | Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e inumeráveis jovens mulheres; | |
9. | uma, porém, é a minha pomba, uma só a minha perfeita; ela é a única de sua mãe, a predileta daquela que a deu à luz. Ao vê-la, as donzelas proclamam-na bem-aventurada, rainhas e concubinas a louvam. | |
10. | Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, temível como um exército em ordem de batalha? | |
11. | Eu desci ao jardim das nogueiras para ver a nova vegetação dos vales, e para ver se a vinha crescia e se as romãzeiras estavam em flor. | |
12. | Eu não o sabia; minha alma colocou-me nos carros de Aminadab. |
Leia mais em: http://www.bibliacatolica.com.br/01/26/6.php#ixzz1tM91w7K3
Palavra que me veio quando pedi à Deus conselhos sobre uma pessoinha :)
quinta-feira, 26 de abril de 2012
A Racionalização das EmoçõesO ponto de vista feminino tem sido muito mais difícil de expressar que o masculino. Se assim me posso exprimir, o ponto de vista feminino não passa pela racionalização por que o intelecto do homem faz passar os seus sentimentos. A mulher pensa emocionalmente; a sua visão baseia-se na intuição. Por exemplo, ela pode ter um sentimento em relação a qualquer coisa que nem sequer é capaz de articular.
A princípio, achei extremamente difícil descrever como me sentia. Porém, se fazemos psicanálise, a questão é sempre: «Como é que se sentiu em relação a isso?» e não «O que é quepensou?» E como muito frequentemente a mulher não deu o segundo passo, que é explicar a sua intuição - por que passos lá chegou, o a-b-c daquilo - ela não consegue ser tão articulada.
Anais Nin, in "Fala Uma Mulher"
quarta-feira, 25 de abril de 2012
O Elixir do PrazerQue é, pois, o que se opera na alma, quando se deleita mais com as coisas encontradas ou reavidas que estima, do que se as possuísse sempre? Há, na verdade, muitos outros exemplos que o afirmam. Abundam os testemunhos que nos gritam: -«É assim mesmo!». Triunfa o general vitorioso. Mas não teria alcançado a vitória se não tivesse pelejado e quanto mais grave foi o perigo no combate, tanto maior é o gozo no triunfo. A tempestade arremessa os marinheiros, ameaçando-os com o naufrágio: todos empalidecem com a morte iminente. Mas tranquilizam-se o céu e o mar, e todos exultam muito, porque muito temeram. Está doente um amigo e o seu pulso acusa perigo. Todos os que o desejam ver curado sentem-se simultaneamente doentes na alma. Melhora. Ainda não recuperou as forças antigas e já reina tal júbilo qual não existia antes, quando se achava são e forte.
Até os próprios prazeres da vida humana não se apossam do coração do homem só por desgraças inesperadas e fortuitas, mas por moléstias previstas e voluntariamente procuradas. Não há prazer nenhum no comer e beber, se o incómodo da fome e da sede o não precede. Por isso, os ébrios costumam tomar certos alimentos salgados, para que se lhes torne molesta a sede ardente que se há-de transformar em prazer, quando acalmada pela bebida. Está estabelecido que não se entregam imediatamente aos maridos as esposas prometidas, para que o esposo, no caso de nunca haver suspirado pela esposa, não a venha a ter como coisa desprezível.
Santo Agostinho, in 'Confissões'
Santo Agostinho, in 'Confissões'
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.
José Saramago, in "Revista Máxima, Outubro 1990"
De tudo que sou
De toda minha vidaDe todo o meu caminho, És Senhor
De todos os meus planos
De toda minha vontadeTu és meu Deus e Senhor
Toma meu ser e tudo o que tenho
Vem dispor do jeito que Tu queresPois sou toda tua, Jesus!
Sinto-me culpada em relação á ontem e pouquíssimo tranquila em relação ao amanhã, a covardia e comodismo me dominam, milhares de seres humanos morreram de fome, nesse exato segundo, e eu aqui cheia de teorias belas e planos surpreendentes na mente. Não posso mais limitar-me à caridade exercida em pequenos gestos do cotidiano, sinto vergonha do quão ínfimo isto é, e do quanto peco diariamente por omissão. Quem me dera ser mais humana, quem me dera emanar mais o amor de Deus aos outros, e ter uma existência menos medíocre. Que Deus me ajude, e ilumine meus passos nesta luta pela evolução espiritual.
"As forças do bem no mundo estão menos imobilizadas pelos seus adversários do que pela sua sonolência. [E.N. Poteat]
terça-feira, 24 de abril de 2012
São Lucas, 12
1. | Enquanto isso, os homens se tinham reunido aos milhares em torno de Jesus, de modo que se atropelavam uns aos outros. Jesus começou a dizer a seus discípulos: Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. | |
2. | Porque não há nada oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a ser conhecido. | |
3. | Pois o que dissestes às escuras será dito à luz; e o que falastes ao ouvido, nos quartos, será publicado de cima dos telhados. | |
4. | Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disto nada mais podem fazer. | |
5. | Mostrar-vos-ei a quem deveis temer: temei àquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a este. | |
6. | Não se vendem cinco pardais por dois asses? E, entretanto, nem um só deles passa despercebido diante de Deus. | |
7. | Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois. Mais valor tendes vós do que numerosos pardais. | |
8. | Digo-vos: todo o que me reconhecer diante dos homens, também o Filho do Homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus; | |
9. | mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. | |
10. | Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem obterá perdão, mas aquele que tiver blasfemado contra o Espírito Santo não alcançará perdão. | |
11. | Quando, porém, vos levarem às sinagogas, perante os magistrados e as autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de falar em vossa defesa, | |
12. | porque o Espírito Santo vos inspirará naquela hora o que deveis dizer. | |
13. | Disse-lhe então alguém do meio do povo: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. | |
14. | Jesus respondeu-lhe: Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós? | |
15. | E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas. | |
16. | E propôs-lhe esta parábola: Havia um homem rico cujos campos produziam muito. | |
17. | E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. | |
18. | Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. | |
19. | E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. | |
20. | Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão? | |
21. | Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus. | |
22. | Jesus voltou-se então para seus discípulos: Portanto vos digo: não andeis preocupados com a vossa vida, pelo que haveis de comer; nem com o vosso corpo, pelo que haveis de vestir. | |
23. | A vida vale mais do que o sustento e o corpo mais do que as vestes. | |
24. | Considerai os corvos: eles não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro; entretanto, Deus os sustenta. Quanto mais valeis vós do que eles? | |
25. | Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? | |
26. | Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras? | |
27. | Considerai os lírios, como crescem; não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles. | |
28. | Se Deus, portanto, veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã se lança ao fogo, quanto mais a vós, homens de fé pequenina! | |
29. | Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber; e não andeis com vãs preocupações. | |
30. | Porque os homens do mundo é que se preocupam com todas estas coisas. Mas vosso Pai bem sabe que precisais de tudo isso. | |
31. | Buscai antes o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. | |
32. | Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino. | |
33. | Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói. | |
34. | Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. | |
35. | Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. | |
36. | Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. | |
37. | Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. | |
38. | Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos! | |
39. | Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. | |
40. | Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. | |
41. | Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? | |
42. | O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? | |
43. | Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! | |
44. | Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. |
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segunda-feira, 23 de abril de 2012
“Não sei interpretar, muito menos identificar o nome e
proporção da emoção que vc me trouxe quando meus olhos se abriram com o
amanhecer e estavas ali. Teu olhar
fitado em algo meu, que de tão focalizado já te pertencia, qualquer parte de
mim seria sua com aquele jeito de me olhar. Embora eu não seja tão experiente
na arte de amar, quiçá na de viver, posso te afirmar que aquela sensação
foi, em sua denominação mais superficial, surpreendente. Não quero esquecer, tampouco deixar de vivê-la contigo.
Você me fez voltar a escrever, me trouxe a doçura do que eu
já nem conhecia mais, acordou meu coração que já dormia há tanto.
Eu só quero te esconder, não só pra te proteger, mas pra que sejas meu segredo, meu mundinho, meu amparo.” (Priscilla L. S. Pereira)
Ontem à tarde fui à missa como de costume, só que dessa vez fui na Igreja de São Domingos, muito linda situada no Rocio, o padre deu boas vindas em espanhol, francês e inglês, me senti em Londres novamente :)
De lá prossegui para a Praça do Comércio e sentei nos batentes que beiram o Rio Tejo, em minha frente, a suntuosa ponte 25 de abril, peguei um guardanapo que tinha na bolsa e comecei a escrever. Umas coisas sobre ele, mas depois, me veio um pensamento interessante acerca do caminho para se viver em plenitude consigo mesmo.
"Imitar
o modo de viver da criança é minha nova lei. Ela ama da maneira mais fulgás e
inconsequente, acredita em tudo que lhe dizem até que lhe provem o contrário, e
sente-se salva e segura do mundo com o suposto poder que seus pais têm de protegê-la. Isso me faz crer que a inocência e a fé têm o potencial de fazer-nos
pura e plenamente felizes." [Priscilla Leticia Sales Pereira]
Ninguém é Feliz quando Treme pela sua FelicidadeNinguém é feliz quando treme pela sua felicidade. Não se apoia em bases sólidas quem tira a sua satisfação de bens exteriores, pois acabará por perder o bem-estar que obteve. Pelo contrário, um bem que nasce dentro de nós é permanente e constante, e vai sempre crescendo até ao nosso último momento; todos os demais bens ante os quais se extasia o vulgo são bens efémeros. "E então? Quer isso dizer que são inúteis e não podem dar satisfação?" É evidente que não, mas apenas se tais bens estiverem na nossa dependência, e não nós na dependência deles. Tudo quanto cai sob a alçada da fortuna pode ser proveitoso e agradável na condição de o seu beneficiário ser senhor de si próprio em vez de ser servo das suas propriedades. É um erro pensar-se, Lucílio, que a fortuna nos concede o que quer que seja de bom ou de mau; ela apenas dá a matéria com que se faz o bom e o mau, dá-nos o material de coisas que, nas nossas mãos, se transformam em boas ou más.
O nosso espírito é mais poderoso do que toda a espécie de fortuna, ele é quem conduz a nossa vida no bom ou no mau sentido, é nele que está a causa de nós sermos felizes ou desgraçados. Um homem mau faz tudo redundar em mal, mesmo quando aparentemente as coisas se apresentavam excelentes; um espírito justo e íntegro sabe corrigir os erros da fortuna, sabe, pela sua mesma sabedoria, temperar as ocorrências adversas e difíceis de suportar; um tal espírito é capaz de acolher a felicidade com gratidão e temperança, de enfrentar a adversidade com firmeza e coragem. Imaginemos um homem experiente, que não faz nada sem ter analisado totalmente a questão, que nunca tenta nada que esteja acima das suas forças: tal homem nunca alcançará aquele supremo e completo bem acima de todas as contingências se não se sentir seguro em face da insegurança. Se observares os outros (já que costumamos ser melhores juízes em causa alheia), ou se te analisares a ti próprio sem parcialidade, serás forçado a admitir que aqueles bens que tens por desejáveis e preciosos te serão inúteis se previamente não te preparares para a falibilidade do acaso e do condicionalismo que o acompanha.
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.
Lúcio Aneu Séneca, in Cartas a Lucílio
Lúcio Aneu Séneca, in Cartas a Lucílio
Eu sinceramente gostaria de ter nascido há mais de um século atrás e ter conhecido esse homem, ou melhor, ter sido sua amiga, com exceção dos meus pais, da minha irmã, avó, Márcio, Zé Graça e Nick Vujicic, não consigo admirar outro ser terrestre mais do que a ele. Estou apaixonada por alguém que já não existe. Eis, Sêneca, o prodígio da sabedoria, Deus se manifestava constantemente em suas palavras.
Estar em todo o lado é o mesmo que não estar em parte alguma! Ora a quem passa a vida em viagens acontece ter muitos conhecimentos fortuitos, mas nenhum amigo verdadeiro; o mesmo sucede logicamente àqueles que não se aplicam intimamente ao estudo de um pensador, mas sim percorrem todos de passagem e a correr. Um alimento que mal é ingerido imediatamente é "devolvido", não aproveita nem dá força ao corpo; igualmente nada prejudica tanto a saúde como a frequente mudança de medicamentos; uma ferida não cicatriza quando se lhe aplicam tentativamente diversos remédios; uma planta nunca se robustece se continuamente a mudamos de lugar; nada enfim, por muito útil, conserva a utilidade em contínua mudança. Demasiada abundância de livros é fonte de dispersão; assim, como não poderás ler tudo quanto possuis, contenta-te em possuir apenas o que possas ler. Dirás tu: "Mas sinto vontade de folhear ora este livro, ora aquele." Provar muita coisa é sintoma de estômago embotado; quando são muitos e variados os pratos, só fazem mal em vez de alimentar. Lê, portanto, constantemente autores de confiança e quando sentires vontade de passar a outros, regressa aos primeiros. Reflita todos os dias em qualquer texto que te auxilie a encarar a indigência, a morte, ou qualquer outra calamidade; quando tiveres percorrido diversos textos, escolhe uma passagem que alimente a tua meditação durante o dia. É isso o que eu mesmo faço: de muita coisa que li retenho uma certa máxima. A minha máxima de hoje encontrei-a em Epicuro (é um hábito percorrer os acampamentos alheios, não como desertor, mas sim como batedor!). Diz ele: "É um bem desejável conservar a alegria em plena pobreza". E com razão, pois se há alegria não pode haver pobreza: não é pobre quem tem pouco, mas sim quem deseja mais. Que importa o que temos cofre, ou nos celeiros, quantas cabeças de gado ou quanto capital a juros, se fizermos as contas não ao que possuímos, mas ao que queremos possuir? Queres saber qual a justa medida das riquezas? Primeiro: aquilo que é necessário; segundo: aquilo que é suficiente! Adeus!
Cartas a Lucílio - Livro I, Carta II - Lúcio Aneu Sêneca
Estar em todo o lado é o mesmo que não estar em parte alguma! Ora a quem passa a vida em viagens acontece ter muitos conhecimentos fortuitos, mas nenhum amigo verdadeiro; o mesmo sucede logicamente àqueles que não se aplicam intimamente ao estudo de um pensador, mas sim percorrem todos de passagem e a correr. Um alimento que mal é ingerido imediatamente é "devolvido", não aproveita nem dá força ao corpo; igualmente nada prejudica tanto a saúde como a frequente mudança de medicamentos; uma ferida não cicatriza quando se lhe aplicam tentativamente diversos remédios; uma planta nunca se robustece se continuamente a mudamos de lugar; nada enfim, por muito útil, conserva a utilidade em contínua mudança. Demasiada abundância de livros é fonte de dispersão; assim, como não poderás ler tudo quanto possuis, contenta-te em possuir apenas o que possas ler. Dirás tu: "Mas sinto vontade de folhear ora este livro, ora aquele." Provar muita coisa é sintoma de estômago embotado; quando são muitos e variados os pratos, só fazem mal em vez de alimentar. Lê, portanto, constantemente autores de confiança e quando sentires vontade de passar a outros, regressa aos primeiros. Reflita todos os dias em qualquer texto que te auxilie a encarar a indigência, a morte, ou qualquer outra calamidade; quando tiveres percorrido diversos textos, escolhe uma passagem que alimente a tua meditação durante o dia. É isso o que eu mesmo faço: de muita coisa que li retenho uma certa máxima. A minha máxima de hoje encontrei-a em Epicuro (é um hábito percorrer os acampamentos alheios, não como desertor, mas sim como batedor!). Diz ele: "É um bem desejável conservar a alegria em plena pobreza". E com razão, pois se há alegria não pode haver pobreza: não é pobre quem tem pouco, mas sim quem deseja mais. Que importa o que temos cofre, ou nos celeiros, quantas cabeças de gado ou quanto capital a juros, se fizermos as contas não ao que possuímos, mas ao que queremos possuir? Queres saber qual a justa medida das riquezas? Primeiro: aquilo que é necessário; segundo: aquilo que é suficiente! Adeus!
Cartas a Lucílio - Livro I, Carta II - Lúcio Aneu Sêneca
“…Certamente prejudica muito quem nos detém numa vida tão breve, que tornamos ainda mais breve com a nossa inconstância, reiniciando-a inúmeras vezes. Deste modo, fraccionamo-la, despedaçamo-la. Por isso, apressa-te, caríssimo Lucílio, e pensa quanto mais correrias, se fosses perseguido por um inimigo, se suspeitasses que se aproximava um cavaleiro pisando os calcanhares dos fugitivos. De facto, é mesmo assim: apressa-te e foge, vai para um lugar seguro e pensa muitas vezes em como é belo completar a vida antes de morrer, para, depois, esperar em segurança os dias que nos restam, sem nada pedir para si mesmo, na posse de uma existência feliz que não se torna feliz por tornar-se mais longa. Quando chegará aquele dia em que saberás que o tempo já não te pertence, em que viverás tranquilo e sereno, sem te preocupares com o amanhã e plenamente saciado em ti mesmo! Queres saber o que torna os homens ansiosos pelo futuro? Ninguém pertence a si mesmo. Os teus pais para ti desejaram outras coisas; eu, pelo contrário, desejo que desprezes tudo aquilo que eles quiseram que tivesses em abundância. Os seus desejos espoliarão muitos para enriquecer-te; tudo o que te transmitiram tiraram a outro. Desejo-te que disponhas de ti livremente e que o teu espírito, agitado por vagas fantasias possa, por fim, descansar e afirmar-se, e que se compraza em si próprio, e compreendendo os verdadeiros bens (compreendê-los é quase possuí-los) não sinta necessidade de aumentar o número de anos. Quem vive depois de ter completado a sua vida já superou todas as necessidades e conseguiu emancipar-se e ser livre. Passa bem. Adeus.”
Lúcio Anneo Séneca
Lúcio Anneo Séneca
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Regras de Conduta para Viver sem SobressaltosVou indicar-te quais as regras de conduta a seguir para viveres sem sobressaltos. (...) Passa em revista quais as maneiras que podem incitar um homem a fazer o mal a outro homem: encontrarás a esperança, a inveja, o ódio, o medo, o desprezo. De todas elas a mais inofensiva é o desprezo, tanto que muitas pessoas se têm sujeitado a ele como forma de passarem despercebidas. Quem despreza o outro calca-o aos pés, é evidente, mas passa adiante; ninguém se afadiga teimosamente a fazer mal a alguém que despreza. É como na guerra: ninguém liga ao soldado caído, combate-se, sim, quem se ergue a fazer frente.
Quanto às esperanças dos desonestos, bastar-te-á, para evitá-las, nada possuíres que possa suscitar a pérfida cobiça dos outros, nada teres, em suma, que atraia as atenções, porquanto qualquer objecto, ainda que pouco valioso, suscita desejos se for pouco usual, se for uma raridade. Para escapares à inveja deverás não dar nas vistas, não gabares as tuas propriedades, saberes gozar discretamente aquilo que tens. Quanto ao ódio, ou derivará de alguma ofensa que tenhas feito (e, neste caso, bastar-te-á não lesares ninguém para o evitares), ou será puramente gratuito, e então será o senso comum quem te poderá proteger. Esta espécie de ódio tem sido perigosa para muita gente; e alguns despertaram o ódio dos outros mesmo sem razões de inimizade pessoal. Para te protegeres deste perigo recorrerás à mediania da tua condição e à brandura do teu carácter: faz com que os outros saibam que tu és um homem que não exerce represálias mesmo se ofendido; não hesites em fazer as pazes com toda a sinceridade. Ser temido, é uma situação tão ingrata em tua própria casa como no exterior (...) Para causar a tua ruína qualquer um dispõe de força que baste. E não te esqueças que quem inspira medo sente ele próprio medo: ninguém pode inspirar terror e sentir-se seguro!
Resta considerar o desprezo: mas cada um, se deliberadamente se sujeitar a ele, se goza de pouca consideração porque quer, e não porque o mereça, tem na sua mão a faculdade de regular a sua intensidade. Os inconvenientes do desprezo podem ser atenuados ou pela prática de boas acções ou pelas relações de amizade com pessoas que tenham influência sobre alguém especialmente influente; será útil cultivar tais amizades, sem no entanto nos deixarmos enredar por elas, não vá a protecção sair-nos mais cara do que o próprio risco.
Quanto às esperanças dos desonestos, bastar-te-á, para evitá-las, nada possuíres que possa suscitar a pérfida cobiça dos outros, nada teres, em suma, que atraia as atenções, porquanto qualquer objecto, ainda que pouco valioso, suscita desejos se for pouco usual, se for uma raridade. Para escapares à inveja deverás não dar nas vistas, não gabares as tuas propriedades, saberes gozar discretamente aquilo que tens. Quanto ao ódio, ou derivará de alguma ofensa que tenhas feito (e, neste caso, bastar-te-á não lesares ninguém para o evitares), ou será puramente gratuito, e então será o senso comum quem te poderá proteger. Esta espécie de ódio tem sido perigosa para muita gente; e alguns despertaram o ódio dos outros mesmo sem razões de inimizade pessoal. Para te protegeres deste perigo recorrerás à mediania da tua condição e à brandura do teu carácter: faz com que os outros saibam que tu és um homem que não exerce represálias mesmo se ofendido; não hesites em fazer as pazes com toda a sinceridade. Ser temido, é uma situação tão ingrata em tua própria casa como no exterior (...) Para causar a tua ruína qualquer um dispõe de força que baste. E não te esqueças que quem inspira medo sente ele próprio medo: ninguém pode inspirar terror e sentir-se seguro!
Resta considerar o desprezo: mas cada um, se deliberadamente se sujeitar a ele, se goza de pouca consideração porque quer, e não porque o mereça, tem na sua mão a faculdade de regular a sua intensidade. Os inconvenientes do desprezo podem ser atenuados ou pela prática de boas acções ou pelas relações de amizade com pessoas que tenham influência sobre alguém especialmente influente; será útil cultivar tais amizades, sem no entanto nos deixarmos enredar por elas, não vá a protecção sair-nos mais cara do que o próprio risco.
Não há, contudo, forma mais eficaz de protecção do que remetermo-nos à vida privada, evitando o mais possível falar com os outros, e falando o mais possível apenas com nós próprios. A conversação tem um poder de atracção subreptício e sedutor, e leva-nos a revelar os nossos segredos com a mesma facilidade que a embriaguez ou a paixão. Ninguém é capaz de calar tudo quanto ouviu, mas também não reproduz exactamente tudo quanto ouviu; e quem não é capaz de guardar para si a informação também não é capaz de manter secreto o nome do seu autor. Cada um de nós tem sempre alguém em quem deposita tanta confiança como em si próprio; no entanto, embora refreie a tagarelice natural e se contente em falar para um só ouvinte, o resultado é o mesmo que se falasse em público: em breve o que era segredo está transformado em boato!
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
O Homem PerfeitoA virtude subdivide-se em quatro aspectos: refrear os desejos, dominar o medo, tomar as decisões adequadas, dar a cada um o que lhe é devido. Concebemos assim as noções de temperança, de coragem, de prudência e de justiça, cada qual comportando os seus deveres específicos. A partir de quê, então, concebemos nós a virtude? O que no-la revela é a ordem por ela própria estabelecida, o decoro, a firmeza de princípios, a total harmonia de todos os seus actos, a grandeza que a eleva acima de todas as contingências. A partir daqui concebemos o ideal de uma vida feliz, fluindo segundo um curso inalterável, com total domínio sobre si mesma. E como é que este ideal aparece aos nossos olhos? Vou dizer-te.
O homem perfeito, possuidor da virtude, nunca se queixa da fortuna, nunca aceita os acontecimentos de mau humor, pelo contrário, convicto de ser um cidadão do universo, um soldado pronto a tudo, aceita as dificuldades como uma missão que lhes é confiada. Não se revolta ante as desgraças como se elas fossem um mal originado pelo azar, mas como uma tarefa de que ele é encarregado. «Suceda o que suceder», — diz ele — «o caso é comigo; por muito áspera e dura que seja a situação, tenho de dar o meu melhor!» Um homem que nunca se queixa dos seus males nem se lamenta do destino, temos forçosamente de julgá-lo um grande homem! Tal homem dá a conhecer a muitos outros a massa de que é feito, brilha tal como um archote no meio das trevas, atrai para junto de si todas as almas, dada a sua impassível tranquilidade, a sua completa equanimidade para com o divino e o humano. Tal homem possui uma alma perfeita, levada ao máximo das suas potencialidades, tal que acima dela nada há senão a inteligência divina, uma parte da qual, aliás, transitou até este peito mortal. E nada há de mais divino para o homem do que meditar na sua mortalidade, consciencializar-se de que o homem nasce para ao fim de algum tempo deixar esta vida, perceber que o nosso corpo não é uma morada fixa, mas uma estalagem onde só se pode permanecer por breve tempo, uma estalagem de que é preciso sair quando percebemos que estamos a ser pesados ao estalajadeiro.
Séneca, in "Cartas a Lucílio"
O homem perfeito, possuidor da virtude, nunca se queixa da fortuna, nunca aceita os acontecimentos de mau humor, pelo contrário, convicto de ser um cidadão do universo, um soldado pronto a tudo, aceita as dificuldades como uma missão que lhes é confiada. Não se revolta ante as desgraças como se elas fossem um mal originado pelo azar, mas como uma tarefa de que ele é encarregado. «Suceda o que suceder», — diz ele — «o caso é comigo; por muito áspera e dura que seja a situação, tenho de dar o meu melhor!» Um homem que nunca se queixa dos seus males nem se lamenta do destino, temos forçosamente de julgá-lo um grande homem! Tal homem dá a conhecer a muitos outros a massa de que é feito, brilha tal como um archote no meio das trevas, atrai para junto de si todas as almas, dada a sua impassível tranquilidade, a sua completa equanimidade para com o divino e o humano. Tal homem possui uma alma perfeita, levada ao máximo das suas potencialidades, tal que acima dela nada há senão a inteligência divina, uma parte da qual, aliás, transitou até este peito mortal. E nada há de mais divino para o homem do que meditar na sua mortalidade, consciencializar-se de que o homem nasce para ao fim de algum tempo deixar esta vida, perceber que o nosso corpo não é uma morada fixa, mas uma estalagem onde só se pode permanecer por breve tempo, uma estalagem de que é preciso sair quando percebemos que estamos a ser pesados ao estalajadeiro.
Séneca, in "Cartas a Lucílio"
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