quarta-feira, 18 de dezembro de 2013



Come rain or come shine - Eric Clapton e B.B. King

Esquadros

Eu ando pelo mundo prestando atenção 
Em cores que eu não sei o nome
Cores de almodóvar
Cores de frida kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Ah! Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome nos meninos que têm fome
Pela janela do quarto 
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto pra quem?

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado.

(Adriana Calcanhoto)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Alimentos com maior teor de antioxidantes

1- Açafrão (ou cúrcuma)  A especiaria é lotada de curcuminoides, compostos com ação anti-inflamatória e anti-idade. A cúrcuma é a raiz e o açafrão é a cúrcuma torrada, em pó. Se almoça fora, leve um potinho com o tempero e salpique sobre o arroz com feijão.
 2- Aveia  Fonte importante de silício, auxilia na estruturação da pele, minimizando o aspecto da celulite. Tem betaglucana, molécula que melhora a circulação sanguínea e dificulta a absorção da gordura pelo intestino. De quebra, ainda ajuda a eliminar toxinas.
3- Azeite de oliva
Rico em gorduras monoinsaturadas, tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Dê preferência ao extravirgem, que tem taxa de acidez inferior a 1%. Consuma, no máximo, 2 colheres de sopa por dia. 
4- Chá de cavalinha, centelha asiática e dente-de-leão  A cavalinha apresenta bom teor de silício e funciona como diurético natural, desintoxicando o organismo e reduzindo, assim, o inchaço. A centelha asiática estimula a circulação sanguínea. Já o dente-de-leão ajuda a eliminar as toxinas. 
5- Frutas cítricas
Limão, lima-da-pérsia, laranja e goiaba contêm a poderosa vitamina C, além de bioflavonoides, que aumentam o tônus das veias, favorecendo a microcirculação.
6- Frutas vermelhas  Morango e uvas vermelhas e roxas possuem protoantocianidina, substância que fortalece os vasos sanguíneos e linfáticos, melhorando a circulação.
 7- Linhaça  Rica em ômega 3, antiinflamatório natural, auxilia na regulação hormonal. Também faz uma faxina interna, graças ao alto teor de fibras, contribuindo para evitar o acúmulo de impurezas que dificultam a irrigação e favorecem a celulite. Sugestão: leve de casa a linhaça triturada para salpicar sobre a salada, de preferência batida no liquidificador pouco antes de sair para o trabalho. Isso porque as sementes oxidam e perdem boas doses de ômega 3.
 8- Mamão e abacaxi  Ambas as frutas têm propriedades antiedema, além de enzimas proteolíticas, que ajudam a digerir proteínas que, para algumas pessoas, podem detonar alergias capazes de estimular a formação de adipócitos (células de gordura).
 9- Melão  Superimportante na alcalinização do pH sanguíneo (é anti-inflamatório), sobretudo se ingerido com as sementes, que podem ser trituradas, garantindo maior fornecimento de fibras.
 10- Óleo de gergelim  Grande fonte de vitaminas, em especial a E, que atua como antioxidantes e, assim, protegem as células da ação dos radicais livres. Também tem ação anti-inflamatória.
 11- Peixes (salmão, atum, sardinha e arenque)  Ótimas fontes de ômega 3, gordura que também entra na tropa de choque contra a osteoporose. 
12- Pepino  Diurético natural, alcalinizante e anti-inflamatório, ajuda a eliminar as toxinas, é rico em vitaminas A e C, além de sais minerais. 
13- Sálvia  Ajuda a regular os hormônios femininos, sobretudo o estrogênio, intimamente relacionado à celulite. 
14- Semente de abóbora  Ajuda a tornar o pH do sangue mais alcalino, o que afasta as inflamações. A semente de girassol, outro poderoso antioxidante, pode ser preparada da mesma forma.
 15- Suco de uva integral  Além de antioxidante, também tem ação anti-inflamatória importante.
(Thaís Cavalheiro e Ana Carolina Carvalho)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Bullying

EMMA G. FITZSIMMON
DO "NEW YORK TIMES"
Ouvir o texto
The New York TimesA maioria das pessoas já viu valentões em ação, transformando a vida alheia num inferno. Seus alvos costumam escapar da intimidação relativamente ilesos, mas às vezes ela se torna insuportável.
Isso pode ser verdade tanto se a vítima for uma menina de 12 anos quanto um jogador de futebol americano de 136 quilos.
Um jogador do Miami Dolphins deixou recentemente a Liga Nacional de Futebol Americano porque era repetidamente insultado e ameaçado por um colega de equipe, Richie Incognito. Muitos torcedores ficaram chocados com os detalhes das mensagens de texto e voz, cheias de palavrões, que Incognito enviava, enquanto outros defenderam seu comportamento, dizendo ser algo natural em um esporte tão rude.
Algumas pessoas ficaram espantadas que Jonathan Martin, que tem 1,95 m de altura, pudesse ser atingido "emocionalmente por provocações de um colega de time", escreveu o colunista Timothy Egan no "New York Times". "Pode-se mesmo machucar um parrudão com palavras?"
Com base na sua própria experiência como jogador de futebol americano no colégio, Egan diz que sim. Ele era mais baixo do que os outros e tinha um enorme cabelo rebelde que chamava a atenção. Seus colegas o azucrinavam. "Sei muito bem como é se entregar em um jogo e ter pessoas que são parte dele, seus colegas de equipe, magoando você."
Nem todos os que fazem bullying são homens. O "Times" noticiou recentemente que cientistas avançaram no entendimento da agressão por parte de mulheres jovens.
"A existência da competição feminina pode parecer óbvia para qualquer um que já esteve numa cantina de escola ou num bar de solteiros", escreveu John Tierney, "mas é difícil analisá-la, porque tende a ser mais sutil e indireta (e bem menos violenta) do que a variedade masculina".
Pesquisadores descobriram que mulheres eram mais propensas a fazer comentários maldosos sobre mulheres que elas consideravam rivais pela atenção masculina. Em um experimento, um grupo de garotas do ensino médio reagiu negativamente quando uma moça vestindo blusa decotada e saia curta entrava na sala, mas elas mal notavam a mesma mulher se ela estivesse usando jeans e camiseta.
E, em vez de confrontarem a mulher diretamente, as jovens faziam piadas sobre ela assim que a "assanhada" saísse da sala.
"Na verdade, as mulheres são muito capazes de agredir as outras, especialmente mulheres percebidas como rivais", disse Tracy Vaillancourt, psicóloga da Universidade de Ottawa.
Para vítimas do bullying que sejam jovens ou de alguma maneira vulneráveis, os danos podem ser trágicos. Em setembro, uma menina de 12 anos da Flórida, chamada Rebecca Ann Sedwick, suicidou-se depois que outras garotas a molestaram pela internet. Ela foi para uma fábrica de cimento abandonada, subiu em uma plataforma e saltou.
"Rebecca se tornou um dos mais jovens membros de uma lista crescente de crianças e adolescentes aparentemente levados ao suicídio, pelo menos em parte, depois de terem sido difamados, ameaçados e zombados on-line", relatou o "Times".
Os adolescentes não usam só o Facebook ou o Instagram para se provocarem. Novos aplicativos surgem constantemente, tornando mais difícil para os pais manterem controle sobre as atividades dos filhos. A mãe de Rebecca, Tricia Norman, não sabia que a filha estava recebendo mensagens que diziam: "Você é feia" e "Dá pra morrer, por favor?".
"Você ouve falar disso a toda hora", disse Norman sobre o bullying na internet. "Mas eu nunca pensei que iria acontecer comigo ou com minha filha."

sábado, 7 de dezembro de 2013

Podres poderes

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais

Queria querer gritar

Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...

Será que nunca faremos

Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Enquanto os homens exercem

Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...

Queria querer cantar

Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...

Ou então cada paisano

E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais Nos salvam, nos salvarão Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens exercem

Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Eu quero aproximar

O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...

Será que nunca faremos

Senão confirmar
Na incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Ou então cada paisano

E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais...

Será que apenas

Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais Nos salvam, nos salvarão Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens

Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...

Indo mais fundo

Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
(Caetano Veloso)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Angola

DAVID SMITH
DO "GUARDIAN"

Angola foi acusada de interditar o islã, depois de fechar a maioria das mesquitas do país, em meio a relatos sobre violência e intimidação contra mulheres que usam o véu.
A Comunidade Islâmica de Angola (ICA) alega que oito mesquitas foram destruídas nos últimos dois anos e que qualquer pessoa que pratique o islã corre o risco de ser considerada culpada de desobedecer ao código penal angolano.
Ativistas dos direitos humanos condenam a repressão ampla. "Pelo que ouvi, Angola é o primeiro país do mundo a ter decidido interditar o islã", disse Elias Isaac, diretor nacional da Iniciativa Sociedade Aberta da África Meridional (Osisa). "Isto é loucura. O governo não tolera qualquer diferença."
As autoridades de Angola, país de maioria católica situado no sul da África, insistem que os relatos publicados na mídia mundial sobre uma suposta interdição do islã são exagerados e que não estão sendo visados locais de culto religioso.
O Reino Unido acaba de nomear Angola um de seus cinco "parceiros de prosperidade de alto nível" na África, e os dois países mantêm um relacionamento comercial crescente.
O presidente angolano, José Eduardo dos Santos, está no poder há 34 anos, sendo o segundo entre os chefes de Estado africanos no poder há mais tempo. Ele é acusado há anos de corrupção e violações dos direitos humanos.
As organizações religiosas em Angola precisam pedir reconhecimento legal, e o país hoje autoriza 83 delas, todas as quais cristãs. No mês passado o Ministério da Justiça rejeitou os pedidos de 194 organizações, incluindo uma da comunidade islâmica.
Pela lei angolana, para conseguir reconhecimento legal um grupo religioso precisa ter mais de 100 mil membros e estar presente em pelo menos 12 das 18 províncias. O status legal lhe dá o direito de construir escolas e locais de culto. Existem apenas estimados 90 mil muçulmanos entre os 18 milhões de habitantes de Angola.
David Já, presidente da Comunidade Islâmica de Angola, disse na quinta-feira: "Podemos afirmar que o islã foi interditado em Angola. É preciso ter 100 mil fiéis para ser reconhecido como religião. De outro modo, não se pode orar oficialmente."
De acordo com a ICA, existem 78 mesquitas no país, e todas foram fechadas exceto as da capital, Luanda, porque são oficialmente não licenciadas. "As mesquitas de Luanda estavam previstas para ser fechadas ontem, mas, diante do furor internacional provocado pelos relatos de que Angola teria interditado o islã, o governo decidiu não fechá-las", disse Já.
"Assim, no momento as mesquitas de Luanda estão abertas, e as pessoas estão indo a elas para fazer suas orações."
Já disse que o governo começou a fechar mesquitas em 2010, incluindo uma na província de Huambo que foi queimada, "um dia depois de as autoridades nos avisarem que não deveríamos ter construído a mesquita naquele local e que ela deveria ser erguida em outro lugar. O governo se justificou dizendo que era uma invasão da cultura angolana e uma ameaça aos valores cristãos."
De acordo com Já, outra mesquita foi destruída este mês em Luanda e 120 exemplares do Alcorão foram queimados. Ele disse ainda que os muçulmanos receberam ordens de desmontar as mesquitas eles mesmos.
"Mandam uma ordem legal de destruirmos o prédio e nos dão prazo de 73 horas para fazê-lo. Se não o fazemos, o próprio governo faz."
As mulheres que usam o véu islâmico tradicional também estariam sendo visadas. "Do jeito como andam as coisas, a maioria das muçulmanas tem medo de usar o véu. Uma mulher foi agredida num hospital em Luanda por estar de véu, e, em outra ocasião, uma jovem muçulmana foi espancada e a mandaram deixar o país porque estava usando véu."
"Mais recentemente, meninas foram proibidas de usar o véu em escolas católicas. Quando fomos lá tirar satisfações com as freiras, elas simplesmente disseram que não podiam permitir o véu. Embora não haja uma lei explícita, escrita, que proíba o uso do véu em Angola, o governo proibiu a prática da fé e as mulheres têm medo de anunciar sua fé, nesse sentido."
As queixas do ICA foram confirmadas por Rafael Marques de Morais, ativista político e jornalista investigativo destacado no país. "Eu já vi a ordem que diz que os próprios muçulmanos devem destruir as mesquitas e levar os escombros embora, senão serão cobrados pelo custo da demolição."
Ele sugeriu que o governo estaria procurando um modo conveniente de desviar a atenção da crescente hostilidade pública em relação a trabalhadores chineses e portugueses em Angola.
"O governo precisa desviar a atenção. Quer encontrar um bode expiatório para as pressões econômicas, dizendo que o islã não tem relação com os valores e a cultura angolanos."
"O governo acha que uma lei abrangente contra o islã vai lhe angariar a simpatia tanto dos angolanos quanto dos setores da comunidade internacional que equacionam o islã com terrorismo."
Indagado sobre a possibilidade de protestos dos muçulmanos, Marques respondeu: "Se os muçulmanos tentarem manifestar alguma ira, serão deportados no dia seguinte".
Mas o governo angolano nega que faça qualquer tentativa de interditar o islã. "Não existe guerra em Angola contra o islã ou qualquer outra religião", disse Manuel Fernando, diretor de assuntos religiosos do Ministério da Cultura. "Não existe posição oficial que busque a destruição ou o fechamento de locais de culto, sejam eles quais forem."
Uma declaração da embaixada angolana nos EUA diz o mesmo: "A República de Angola é um país que não interfere na religião. Temos muitas religiões lá. É liberdade de religião. Temos católicos, protestantes, batistas, muçulmanos e evangélicos."
Tradução de CLARA ALLAIN

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Casamento não é para vc!

Estando casado apenas por um ano e meio, eu recentemente cheguei à conclusão de que casamento não é para mim. Agora, antes que você comece a imaginar coisas, continue lendo.
Eu conheci minha esposa na escola, quando tínhamos 15 anos. Nós éramos amigos havia dez anos, até que…  até que decidimos que não queríamos ser apenas amigos. Eu recomendo fortemente que melhores amigos se apaixonem. Haverá bons tempos para todos.
No entanto, me apaixonar por minha melhor amiga não me impediu de ter certos medos e ansiedades sobre me casar. Quanto mais eu e Kim nos aproximamos da decisão de nos casarmos, mais eu fui tomado por um medo paralisante. Eu estava pronto? Eu estava fazendo a escolha correta? Kim era a pessoa certa para mim? Ela me faria feliz?
Então, certa noite, eu compartilhei esses pensamentos e preocupações com meu pai.
Talvez cada um de nós tenha momentos em nossas vidas em que parece que o tempo fica mais lento, ou o ar fica parado, e tudo ao nosso redor parece encolher, marcando aquele momento que você nunca vai esquecer.
Meu pai dando suas respostas às minhas preocupações foi um grande momento para mim. Com um sábio sorriso ele disse, “Seth, você está sendo totalmente egoísta. Então eu vou simplificar as coisas: casamento não é para você. Você não se casa para ser feliz, você se casa para fazer alguém feliz. Mais que isso, seu casamento não é para você, você está casando para uma família. Não apenas para os parentes e todas essas besteiras, mas pelos seus futuros filhos. Quem você quer que te ajude a criá-los?  Quem você quer que os influencie? Casamento não é para você. Não é sobre você. Casamento é sobre a pessoa com quem você se casou.”
Foi nesse exato momento que eu soube que Kim era a pessoa certa para mim. Eu percebi que eu queria fazê-la feliz; vê-la sorrir todos os dias, vê-la gargalhar todos os dias. Eu queria ser parte da família dela, e a minha família queria que ela fosse parte da nossa. E lembrando de todas as vezes em que a vi brincando com meus sobrinhos, eu soube que ela era a pessoa com quem eu gostaria de construir nossa própria família.
O conselho de meu pai foi ao mesmo tempo chocante e revelador. Foi na contramão da “filosofia Walmart” de hoje, que é: se não te faz feliz, você pode devolver e pegar um novo.
Não, um verdadeiro casamento (e um verdadeiro amor) nunca é centrado em você. É centrado na pessoa que você ama – seus desejos, suas necessidades, suas esperanças, e seus sonhos. O egoísmo exige: “O que há aí para mim?”, enquanto o amor pergunta: “O que eu posso dar?”
Há algum tempo, minha esposa me mostrou o que é amar sem egoísmo. Por muitos meses, meu coração endureceu com uma mistura de medo e ressentimento. Então, quando a pressão chegou a um nível insuportável, as emoções explodiram. Eu era insensível. Eu era egoísta.
Mas, ao invés de se igualar ao meu egoísmo, Kim fez algo além do maravilhoso – ela mostrou um transbordamento de amor. Deixando toda a dor e angústia que eu havia causado, ela amorosamente me tomou em meus braços e acalmou minha alma.
Eu percebi que tinha esquecido o conselho do meu pai. Enquanto o lado de Kim no casamento tinha sido me amar, meulado do casamento era só sobre mim. Essa terrível descoberta me levou às lágrimas, e eu prometi à minha esposa que iria tentar ser melhor.
Para todos que estão lendo esse texto – casados, quase casados, solteiros, ou mesmo solteirão ou solteirona – eu quero que você saiba que casamento não é para você. Nenhuma relação de amor verdadeiro é para você. O amor é para a pessoa que você ama.
E, paradoxalmente, quanto mais você verdadeiramente ama essa pessoa, mais você recebe. E não apenas dessa pessoa, mas dos amigos dela e da família dela e milhares de outras pessoas que você nunca teria conhecido se seu amor permanecesse egoísta.
Na verdade, amor e casamento não são para você. São para os outros.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Jimi Hendrix Experience - Hey Joe Live

"Era uma vez, a riqueza contra a simplicidade, uma mostrando pra outra quem dava mais felicidade." (Toquinho)

Scambo

"Passe dos limites da sua casa, da sua turma, se comunique sem nenhum tipo de rótulo, supere seus limites, não se conforme com a informação, busque, atreva, ultrapasse os muros impostos. Supere seus limites de respiração, de força, de bicho, como um macaco nú que luta incondicionalmente pela vida. Sinta mais, abrace cada sentimento, seja ele qual for, como se abraça a quem te ama. E quando precisar chore, onde estiver chore, e um dia dance. Um dia dance do jeito que você quiser, sem dúvidas as pessoas dançam com verdade são pessoas muito mais felizes. E por mais louco que possa parecer, não me ouça, pois posso ser apenas mais um tijolo daquele muro que você quer passar..." (" A Carne dos Deuses" - Scambo). 

Mais de: Feminismo

“Durante os anos setenta considerei-me uma feminista socialista. Resumindo, pensava que a opressão das mulheres decorria primariamente do interesse das relações sociais capitalistas ou das relações sociais ‘económicas’ mais do que do dos homens. Mas os fins dos anos setenta podem ser vistos como um ‘ponto de crise’ da análise feminista socialista e eu não fui excepção.
Nessa época surgiram novas preocupações feministas, em particular as divisões raciais entre as mulheres e a violência masculina, mas as teorias feministas socialistas e marxistas, baseadas largamente ou principalmente na análise das relações de produção capitalista, mostravam-se incapazes de fornecer as respostas adequadas.
(…) Juntamente com outras feministas vi que estas dificuldades em aplicar a análise feminista socialista e marxista eram também acompanhadas pelo comportamento dos homens da extrema-esquerda que proclamavam ser aliados do Movimento de Libertação das Mulheres. Em resposta às críticas feministas, alguns homens estavam a mudar o seu comportamento, mas o resultado era frequentemente mais um meio ínvio e escondido de assegurarem a continuação do seu controlo e poder em relação a mulheres do que de minar a dominação masculina. Outros eram abertamente hostis ao Movimento de Libertação das Mulheres e viam as preocupações feministas como uma distração da ‘ verdadeira luta’ dos conflitos de classe. (…)
Achei que a análise que toma como ponto de partida a produção económica era inadequada para explicar estas complexas relações de género, Em vez disso, um enquadramento teórico com um conjunto diferente de prioridades, em que a opressão das mulheres é vista primariamente no interesse dos homens e suportada por uma ideologia que considera os homens superiores as mulheres, parecia-me mais apropriada.
Neste enquadramento, as mulheres são oprimidas pelos homens enquanto grupo, mais do que pelo sistema económico ou pela sociedade. Este tipo de perspetiva tem sido, desde os inícios do Movimento de Libertação das Mulheres, o das feministas radicais.”
Marianne Hester, Lewd Women and Wicked Witches.

Eu sozinho...

"Eu sozinho sou mais forte
Minh'alma mais atrevida
Não fujo nunca da vida
Nem tenho medo da morte

Eu sozinho de verdade
Encontro em mim minha essência
Não faço caso de ausência
E nem me incomoda a saudade

Eu sozinho em estado bruto
Sou força que principia
Sou gerador de energia
De mim mesmo absoluto

Eu sozinho sou imenso
Não meço nunca o meu passo
Não penso nunca o que faço
E faço tudo o que penso

Eu sozinho sou a Esfinge
Pousado no meio do deserto
Que finge que sabe o que é certo
E sabe que é certo que finge

Eu sozinho sou sereno
E diante da imensidão
De toda essa solidão
O mundo fica pequeno

Eu sozinho em meu caminho
Sou eu, sou todos, sou tudo
E isso sem ter contudo
Jamais ficado sozinho"
.
Paulo César Pinheiro

Campanha fantástica!

















"Episódio nosso de cada dia!"

“A Internet mudou a nossa percepção do tempo”

Nicholas Carr, finalista do Pulitzer, tem sido um crítico dos efeitos da Internet no nosso cérebro. Diz que a velocidade e bombardeamento de informação constante estão a fazer-nos perder a capacidade de concentração e a tornar-nos menos reflexivos. Quinta e última entrevista da série sobre a Internet.
O livro de Nicholas Carr The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains, foi finalista dos prémios Pulitzer de não-ficção. Como o título indica, centra-se no impacto da Internet no nosso cérebro e nos efeitos perversos do seu lado distractivo, errático e rápido.
Este é um tema a que se tem dedicado e que o levou a escrever um ensaio amplamente divulgado no meio, Is Google making us stupid? (pode ler-se na edição online da revista The Atlantic), onde relata a sua experiência de leitura pós- Internet e os efeitos na memória e concentração. Autor ainda de The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google (2008) e de Does IT Matter? (2004), tem debatido o seu ponto de vista em várias universidades pelo mundo.  
O que é que o surpreendeu mais no avanço da Internet desde que a começou a usar?
O mais surpreendente foi a transformação de um meio de informação para um meio de mensagens – particularmente nos últimos anos, as pessoas tendem a usar a tecnologia para trocar mensagens pessoais, mais do que para procurar informação.
Desde o princípio que o email foi uma parte importante da Internet, mas aweb era mais usada para a visita a páginas, para encontrar informação e explorar assuntos. À medida que usamos mais as redes sociais, a Internet torna-se mais num meio para enviar e receber mensagens. Não esperava que o uso da tecnologia mudasse tão drasticamen
E como é que esse aumento na troca de mensagens afecta a forma como interagimos e pensamos?
A forma como a Internet se desenvolveu tornou-a mais distractiva, exigindo às pessoas que retenham constantemente pequenas partes de informação e que monitorizem pequenas correntes de informação. Uma das grandes mudanças nos últimos anos, com o advento de novas redes como o Facebook e o Twitter - e isso combinado com o aparecimento dos smartphones e dos pequenos computadores - é que a forma como a Internet funciona mudou. Portanto, passámos do modelo de ir a uma página web ver o que tinha para oferecer para o modelo de informação que está a correr constantemente e que aparece de vários sítios: do SMS, do email, das actualizações do Facebook e dostweets. Isso encorajou as pessoas a aceitar interrupções constantes, a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Perdemos a capacidade de afastar as distracções e de sermos pensadores atentos, de nos concentrarmos no nosso raciocínio, ou seja, a forma como a tecnologia evoluiu nos últimos anos tornou-se mais distractiva; encoraja uma forma de pensar que é a de passar os olhos pela informação e desencoraja um pensamento mais atento.
A geração que cresceu entre o mundo analógico e o digital está entre essas duas formas de pensar e agir, mas quem é “nativo digital” está já imerso nessa realidade multitasking [de tarefas múltiplas] e distractiva que descreve. Isto não é mais uma mudança do que propriamente uma perda na forma como essa geração pensa?
Não estou convencido de que exista essa separação clara e definida entre uma geração e outra, a dos “nativos digitais” e a dos “imigrantes digitais”. A tecnologia é usada por mais velhos e mais novos e os efeitos tendem a ser os mesmos para a maioria. A diferença é que quanto mais cedo se está imerso na tecnologia – e é verdade que a tecnologia está a ser usada por pessoas cada vez mais novas –, maiores serão os efeitos na forma como aprendem a pensar. Uma das coisas que se sabem é que as grandes mudanças no nosso cérebro acontecem quando somos novos. Portanto, se as crianças estão imersas numa tecnologia que encoraja o multitasking e o pensamento distractivo, vão adaptar-se a isso e infelizmente não vão ter a oportunidade ou o incentivo para desenvolver modos de pensar mais contemplativos e reflexivos. Há o mito de que os “nativos digitais” não sofrem os efeitos das novas tecnologias, porque se adaptam desde cedo. Acontece que isso é completamente errado: são bastante influenciados pelos aspectos positivos e negativos da tecnologia, porque ela marca a forma como pensam desde o princípio.
Como é que imagina as principais mudanças na forma de pensar desta geração daqui a dez anos?
As conexões do nosso cérebro formam-se durante esse período em que lançamos as fundações do nosso modo de raciocinar que perdura pelo resto das nossas vidas. Se a maior parte da nossa experiência se centra em olhar para um ecrã, em particular um ecrã de computador, que encoraja mudanças rápidas na nossa atenção, o multitaskinge a atenção repartida, então esse passa o ser o modo como optimizamos o nosso cérebro para agir – treinamo-nos a nós próprios para pensar dessa forma. Por outro lado, se não dermos oportunidade para desenvolver outros modos de pensar mais atentos que requerem concentração – o tipo de pensamento que é encorajado, por exemplo, por um livro impresso, porque não há mais nada além das páginas –, isso vai influenciar a forma como pensamos e mais especificamente a estrutura do nosso cérebro. Essencialmente, estamos a fazer uma escolha ao disponibilizar a tecnologia para crianças cada vez mais novas, estamos a fazer com que elas pensem de uma forma que diria superficial, dando informação a toda a hora, dividindo a sua atenção. Não penso que isto seja a primeira vez que isto acontece com a tecnologia, mas a sociedade devia fazer julgamentos sobre a forma como usamos as nossas mentes baseados no que a tecnologia tem de bom e de mau.
No seu livroThe Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains fez uma analogia sobre as novas ferramentas com os mapas, que transformaram a nossa noção de tempo e de espaço, e, por exemplo, o relógio mecânico, que na altura também transformou a nossa noção do tempo. Por que acha que a Internet tem mais influência na nossa forma de pensar do que os mapas ou relógios tiveram na altura?
Acho que os mapas e os relógios não influenciaram completamente a forma como pensamos, antes encorajaram modos de pensar mais abstractos sobre o mundo, mudaram a nossa percepção do espaço e de tempo. Olhando para a Internet e para os computadores em geral: nunca tivemos tecnologia que usássemos tão intensamente durante todo o dia. Cada vez mais pessoas usamsmartphones. Que modos de pensamento a tecnologia incentiva e que modos de pensamento desincentiva? Como disse, encoraja um modelo de pensamento mais disperso e desencoraja um pensamento mais atento. Algumas pessoas podem dizer que o pensamento mais tranquilo, contemplativo, não é muito importante, que deveríamos tornar-nos mais superficiais e obter informação mais rapidamente. Há outras pessoas, como eu, que defendem que há certos aspectos da mente humana a que só temos acesso quando prestamos atenção. Há provas de que a atenção é crucial para a formação de memória, para o pensamento crítico e conceptual e, por isso, essas formas de pensar são extremamente importantes para aproveitar todo o potencial da mente humana.
Falando da memória a longo prazo, uma das coisas que os aparelhos nos permitem fazer – o computador, o email, o telemóvel – é documentar e arquivar as nossas conversas, relações, muito mais do que antes. Como acha que a nossa relação com o passado vai ser afectada por isso?
Não tenho a certeza de que vá afectar o nosso passado. As pessoas tiraram fotografias, e mais recentemente fizeram vídeos, e uma das coisas que sabemos é que, quando estamos a registar estas coisas, achamos que é muito importante, mas depois na verdade não olhamos para elas, achamos um pouco chato revisitar as coisas do nosso passado. É verdade que o Facebook e outros meios nos permitem armazenar mais informações e imagens sobre a nossa vida, mas não tenho a certeza de que as pessoas passem, de facto, muito tempo a olhar para elas….  
Ter acesso imediato a factos, à informação e às nossas interacções parece influenciar o modo como formamos memórias. Há estudos que mostram que quanto mais se acredita que se vai encontrar algo através do Google, menos provável é que nos lembremos disso. Não há nada de errado nisso, sempre houve livros. O perigo aqui é que algumas pessoas pensem que, se tudo estiver disponível online, não temos de nos lembrar de nada, não temos de ter essa informação pessoal na nossa memória a longo prazo. A questão é que a memória pessoal é diferente daquilo que estáonline. Muita da riqueza do nosso pensamento vem da nossa capacidade de deslocar informação – factos, emoções – da nossa memória de curto prazo para a nossa memória a longo prazo. É através desse processo – daquilo a que os psicólogos chamam “consolidação da memória” – que ligamos aquilo que sabemos, aquilo que aprendemos, a nossa experiência com outros factos e experiências. E são essas conexões, essas conexões pessoais que fazemos entre toda a informação que está na nossa memória, que nos permitem pensar conceptualmente, ir além dos pequenos bocados de informação e factos que os computadores fornecem e formar um conhecimento pessoal único – o que na verdade desenvolve o eu pessoal. Por isso, há o perigo de confundirmos os dados de computador e que estão online com memória pessoal, que são coisas diferentes e desempenham papéis diferentes. Mas se sacrificamos a nossa memória pessoal porque acreditamos que podemos encontrar tudo online,então perdemos a base do nosso pensamento mais profundo.  
Hoje a Internet, como observa, está refém da velocidade e da “alimentação” constante. Como é que os media podem tirar vantagens de outro tipo de velocidade da Internet?
Uma das coisas mais interessantes que a Internet está a mudar é a nossa percepção do tempo – está a fazer-nos esperar por respostas e informação muito rápidas e a treinar-nos para que, cada vez que clicamos num link, termos informação no segundo seguinte. Quando enviamos um SMS, umemail, esperamos uma resposta muito rápida. Esta mudança da forma como percepcionamos o tempo e a nossa necessidade de resposta imediata influencia definitivamente a forma como usamos os media em geral. Esperamos muito mais estímulos e respostas muito mais rápidas do que as que tivemos no passado. Por um lado, há muitas coisas boas nisso. Por outro, isso desafia as organizações dedicadas a notícias. A distinção na qualidade, nas fontes de informação torna-se cada vez menos importante, porque as pessoas apenas querem muita coisa e rapidamente – e torna-se difícil para as empresas demedia se distinguirem umas das outras e dizerem às pessoas para abrandar e passarem mais tempo em cada coisa que publicam. Não sei como é que a indústria dos media se vai adaptar e fazer a transição, porque ainda estamos no meio do processo.
Disse concordar com os críticos do Facebook e do Twitter que vêem estas redes sociais como meios para satisfazer a nossa vaidade e necessidade de auto-expressão. Como é que responde a outra corrente que as descreve como um bem valioso que mobiliza pessoas e produz conteúdo, tirando vantagem das pessoas que têm tempo livre para fazerem coisas a favor da comunidade?  
Concordo com muitos desses argumentos. Uma das coisas boas da Internet é que permite às pessoas expressarem-se de mais formas do que no passado. Não sou contra a auto-expressão. O que acontece, particularmente com o Facebook, é que se tornou menos sobre auto-expressão profunda e tornou-se mais uma gestão de imagem, autopromoção, é a ansiedade de estar constantemente em conversa e a actualizar o perfil. De alguma maneira somos tão puxados pela nossa auto-imagem que estas ferramentas nos incentivam a pensar na forma como nos apresentamos a nós próprios, como se fôssemos uma criação mediática a toda a hora. E isso pode interferir com uma auto-expressão profunda. Mas cada rede é diferente – a forma como evoluíram fez com que se tivessem tornado mais uma auto-expressão rápida do que profunda.
Ainda é crítico de projectos como a Wikipédia?
Quando escrevi isso em 2005, a Wikipédia não era especialmente boa, embora recebesse já todo o tipo de elogios. Mas tenho de reconhecer que se tornou muito melhor. Em muitos aspectos é uma produção incrível de pessoas que se interessam por democratizar a informação. Melhorou e desempenha um papel muito importante de distribuição de informação grátis para pessoas que, de outro modo, teriam dificuldade em chegar a ela. Acho que há sempre o perigo de se tornar a única fonte de informação, em vez de ser apenas o ponto de partida.

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As Artes e as Ciências Nasceram dos Vícios

"A astronomia nasceu da superstição; a retórica, da ambição, do ódio, da adulação, da mentira; a geometria, da ganância; a física, da curiosidade vã; e todas elas, mesmo a ética, do orgulho humano. As artes e as ciências devem portanto o seu nascimento aos nossos vícios, e nós deveríamos duvidar menos das suas vantagens se elas tivessem tido origem nas nossas virtudes. (...) Quantos perigos! Quantos caminhos equivocados na investigação das ciências? Por meio de quantos erros, milhares de vezes mais perigosos do que a verdade é útil, não é preciso abrir caminho a fim de alcançá-la? O problema é patente; pois a falsidade admite um número infinito de combinações; mas a verdade possui apenas um modo de ser." 

Jean-Jacques Rousseau, in 'Discurso sobre as Ciências e as Artes'   
Super indico a leitura deste livro, ela irá ampliar os horizontes de forma inimaginável acerca de toda a concepção hodierna das artes. 
"Quase todos os homens são escravos pelo mesmo motivo a que os Espartanos atribuíam a servidão dos Persas: a não saberem pronunciar a palavra ''não''."Sébastien-Roch Chamfort

"Quando nós dizemos o bem, ou o mal... há uma série de pequenos satélites desses grandes planetas, e que são a pequena bondade, a pequena maldade, a pequena inveja, a pequena dedicação... No fundo é disso que se faz a vida das pessoas, ou seja, de fraquezas, de debilidades... Por outro lado, para as pessoas para quem isto tem alguma importância, é importante ter como regra fundamental de vida não fazer mal a outrem. A partir do momento em que tenhamos a preocupação de respeitar esta simples regra de convivência humana, não vale a pena perdermo-nos em grandes filosofias sobre o bem e sobre o mal. «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti» parece um ponto de vista egoísta, mas é o único do género por onde se chega não ao egoísmo mas à relação humana." José Saramago, in "Revista Diário da Madeira, Junho 1994"

A sabedoria de Shanlar :)

Segurança no Brasil

"Segurança pública ainda é um tema tabu no Brasil. Avançamos na construção de discursos baseados em princípios de direitos humanos e de cidadania, mas ainda convivemos com um modelo em que a ausência de reformas estruturais obstrui --em termos práticos e políticos-- a garantia da segurança pública verdadeiramente para todos.

Os dados publicados na edição 2013 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública reforçam a sensação de que vivemos em uma sociedade fraturada e com medo; aflita diante da possibilidade cotidiana de ser vítima e refém do crime e da violência.

Não bastasse isso, nosso sistema de Justiça e segurança é ineficiente, paga mal aos policiais e convive com padrões operacionais inaceitáveis de letalidade e vitimização policial, com baixa taxa de esclarecimento de delitos. Sem falar nas precárias condições de encarceramento.

Não conseguimos oferecer serviços de qualidade, reduzir a insegurança e aumentar a confiança nas instituições, nem conseguimos mediar conflitos e conter atos violentos.

No plano da gestão, paradoxalmente, várias iniciativas têm sido tentadas: sistemas de informação, integração das polícias estaduais, modernização tecnológica, mudança no currículo de ensino policial.

Porém, são mudanças incompletas. Ganhos como a reversão do medo provocada pela implantação das UPPs, no Rio, tendem a perder força na medida em que não são capazes, sozinhos, de modificar culturas organizacionais anacrônicas.

As instituições policiais não experimentaram reformas significativas nas suas estruturas. O Congresso, há 25 anos, tem dificuldades para fazer avançar uma agenda de reformas imposta pela Constituição de 1988, que até hoje possui artigos sem regulação, abrindo margem para enormes zonas de insegurança jurídica.

Para a segurança pública, o efeito dessa postura pode ser constatado na não regulamentação do artigo 23, que trata das atribuições concorrentes entre os entes, ou do parágrafo sétimo do artigo 144, que dispõe sobre as atribuições das instituições encarregadas em prover segurança e ordem pública.

Ou seja, há uma enorme dificuldade de se assumir segurança pública como um tema prioritário. Ao contrário do jogo de empurra que tem sido travado, com União, Estados e municípios brigando para saber quem paga a conta e/ou quem manda em quem, segurança pública exige superarmos antagonismos e corporativismos e pactuarmos um projeto de uma nova polícia.

Isso significa que resultados de longo prazo só poderão ser obtidos mediante reformas estruturais que enfrentem temas sensíveis como a distribuição e a articulação de competências e a criação de mecanismos efetivos de cooperação, a reforma do modelo policial determinado pela Constituição e o estabelecimento de requisitos mínimos para as instituições no que diz respeito à formação dos profissionais, transparência e prestação de contas, uso da força e controle externo.

Tais iniciativas devem conduzir a discussão sobre o significado da necessária desmilitarização das estruturas policiais, com a adoção do ciclo completo de policiamento e a instituição de uma carreira única de polícia, que valorize o policial.

É necessário, também, consolidar o sistema de garantias processuais e oferecer adequadas condições de cumprimento de penas. Até porque não podemos deixar brechas para o crime organizado.

Estamos aqui propondo um pacto suprapartidário em defesa da democracia e da cidadania. Os autores deste artigo reconhecem que se encontram em diferentes posições do quadro político brasileiro. A nossa união objetiva reiterar que a reforma do modelo de segurança pública não pode ser mais adiada.

Se conseguirmos fazer isso, quem ganha são os policiais brasileiros e, sobretudo, ganha a sociedade."

RENATO SÉRGIO DE LIMA, 43, é membro do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

CLAUDIO BEATO, 56, é professor titular de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais

*Também subscrevem este texto:

JOSÉ LUIZ RATTON, 46, é professor de sociologia e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco

LUIZ EDUARDO SOARES, 59, foi secretário nacional de Segurança Pública (governo Lula)

RODRIGO GHIRINGHELLI DE AZEVEDO, 45, é professor de ciências criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Atingir a Felicidade
Embora seja possível atingir a felicidade, a felicidade não é uma coisa simples. Existem muitos níveis. O Budismo, por exemplo, refere-se a quatro factores de contentamento ou felicidade: os bens materiais, a satisfação mundana, a espiritualidade e a iluminação. O conjunto destes factores abarca a totalidade da busca pessoal de felicidade. Deixemos de lado, por ora, as aspirações últimas a nível religioso ou espiritual, como a perfeição e a iluminação, e concentremo-nos unicamente sobre a alegria e a felicidade, tal como as concebemos a nível mundano. A este nível, existem certos elementos-chave que nós reconhecemos convencionalmente como contribuindo para o bem-estar e a felicidade. A saúde, por exemplo, é considerada como um factor necessário para o bem-estar. Um outro factor são as condições materiais ou os bens que possuímos. Ter amigos e companheiros, é outro. Todos nós concordamos que para termos uma vida feliz precisamos de um círculo de amigos com quem nos possamos relacionar emocionalmente e em quem possamos confiar. Portanto, todos estes factores são causas de felicidade. Mas para que um indivíduo possa utilizá-los plenamente e gozar de uma vida feliz e preenchida, a chave é o estado de espírito. É crucial. Se utilizarmos as condições favoráveis que possuímos, tais como a saúde ou a riqueza, com fins positivos, para ajudar os outros, esses factores contribuem para uma vida mais feliz. Claro que, pessoalmente, também tiramos partido destas coisas —-facilidades materiais, sucesso, etc., mas se não tivermos a atitude mental correcta, se não cuidarmos do factor mental, estas coisas acabam por ter pouca incidência sobre o sentimento geral de felicidade. Por exemplo, se guardarmos ódio ou rancor no fundo de nós mesmos, isso acabará por destruir a nossa saúde, destruindo assim um dos factores. Por outro lado, se nos sentirmos infelizes ou frustrados, o conforto material não chegará para nos compensar. Mas se mantivermos um estado de espírito calmo e sereno, poderemos sentir-nos felizes mesmo se a nossa saúde não for das melhores. Em contrapartida, mesmo se possuirmos objectos raros ou preciosos, podemos querer deitá-los fora ou destruí-los num momento de grande cólera ou ódio. Nesse momento, os bens não significam nada para nós.Existem actualmente sociedades com um grande grau de desenvolvimento material e no seio das quais muitos indivíduos não se sentem felizes. A nível superficial, essa abundância é muito atraente, mas por trás existe um desassossego mental que leva à frustração, a discórdias desnecessárias, à dependência das drogas ou do álcool e, no pior dos casos, ao suicídio. Não existe portanto nenhuma garantia de que a riqueza por si só possa trazer-nos a alegria ou a satisfação que procuramos. O mesmo se pode dizer dos amigos. Quando estamos muito zangados, mesmo um amigo muito próximo pode parecer-nos glacial, frio, distante e muito irritante.Tudo isto indica a enorme influência que o estado de espírito, o factor mental, pode ter na nossa vivência de todos os dias. Portanto, temos de ter esse factor seriamente em linha de conta. Independentemente de uma prática espiritual, mesmo em termos mundanos, a nossa capacidade de desfrutar de uma vida agradável e feliz depende da nossa serenidade mental. Talvez devesse acrescentar que quando falamos de um estado de espírito calmo ou de paz de espírito não devemos confundir isso com um estado de insensibilidade ou de apatia. Possuir um estado de espírito calmo não significa estar completamente alheado ou amorfo. A paz de espírito, esse estado de serenidade, tem de estar enraizado na afeição e na compaixão, o que implica um grande nível de sensibilidade e de sentimento. Enquanto nos faltar a disciplina interior que conduz à serenidade, sejam quais forem as facilidades ou as condições exteriores que nos rodeiam, elas nunca nos trarão esse sentimento de alegria e de felicidade que procuramos. Por outro lado, se possuirmos as qualidades interiores de serenidade e de estabilidade, mesmo que os factores exteriores de conforto normalmente considerados como indispensáveis à felicidade não estejam em nossa posse, podemos ter uma vida alegre e feliz. 
Dalai Lama, in 'The Art of Happiness'