quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Mais de: Feminismo

“Durante os anos setenta considerei-me uma feminista socialista. Resumindo, pensava que a opressão das mulheres decorria primariamente do interesse das relações sociais capitalistas ou das relações sociais ‘económicas’ mais do que do dos homens. Mas os fins dos anos setenta podem ser vistos como um ‘ponto de crise’ da análise feminista socialista e eu não fui excepção.
Nessa época surgiram novas preocupações feministas, em particular as divisões raciais entre as mulheres e a violência masculina, mas as teorias feministas socialistas e marxistas, baseadas largamente ou principalmente na análise das relações de produção capitalista, mostravam-se incapazes de fornecer as respostas adequadas.
(…) Juntamente com outras feministas vi que estas dificuldades em aplicar a análise feminista socialista e marxista eram também acompanhadas pelo comportamento dos homens da extrema-esquerda que proclamavam ser aliados do Movimento de Libertação das Mulheres. Em resposta às críticas feministas, alguns homens estavam a mudar o seu comportamento, mas o resultado era frequentemente mais um meio ínvio e escondido de assegurarem a continuação do seu controlo e poder em relação a mulheres do que de minar a dominação masculina. Outros eram abertamente hostis ao Movimento de Libertação das Mulheres e viam as preocupações feministas como uma distração da ‘ verdadeira luta’ dos conflitos de classe. (…)
Achei que a análise que toma como ponto de partida a produção económica era inadequada para explicar estas complexas relações de género, Em vez disso, um enquadramento teórico com um conjunto diferente de prioridades, em que a opressão das mulheres é vista primariamente no interesse dos homens e suportada por uma ideologia que considera os homens superiores as mulheres, parecia-me mais apropriada.
Neste enquadramento, as mulheres são oprimidas pelos homens enquanto grupo, mais do que pelo sistema económico ou pela sociedade. Este tipo de perspetiva tem sido, desde os inícios do Movimento de Libertação das Mulheres, o das feministas radicais.”
Marianne Hester, Lewd Women and Wicked Witches.

Nenhum comentário: