14.03.2014 // IMPRIMIR
O humorista italiano Giacomo Poretti foi um dos participantes do evento "Um ano com Francisco", em Milão. A iniciativa, realizada nesta quarta-feira, 12 de março, reuniu opiniões e comentários sobre as "palavras-chave" do primeiro ano do papa jesuíta. Reproduzimos abaixo as palavras de Giacomo.
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Para uma pessoa que trabalha com a comédia e com a ironia, o papa Francisco não pode passar despercebido, até porque o próprio sorriso dele evoca dois grandes comediantes: Stan Lauren e Don Camillo.
Além disso, a ironia é um dos elementos mais significativos deste primeiro ano de pontificado: nunca tínhamos visto um papa que fizesse os fiéis sorrirem tanto ao ouvir os seus discursos. Porque vamos dizer a verdade:muitas vezes, quando um papa fala, nós ficamos numa postura toda retorcida, de braços cruzados, com uma mão apoiando o queixo, olhando para o chão ou para o céu, ou de olhos fechados e testa franzida, e, depois de 45 segundos que o papa começou a falar, o nosso pensamento se perde nos resultados do jogo do nosso time, no carro que tem que ir para a oficina, nas próximas férias de verão... A concentração só volta, com evidente alívio, quando o papa finalmente está dando a bênção final.
O papa Francisco é diferente. Certa vez, ele estava falando sobre a diminuição dos casamentos, sobre os filhos de mais de trinta anos de idade que continuam morando na casa dos pais e que não se decidem a começar uma família. Uma das mães pediu um conselho sobre isso e o papa Francisco respondeu: "Pare de passar as camisas dele". E todo mundo caiu na risada.
Em outra ocasião, ele apareceu na janela de todas as manhãs de domingo, na Praça de São Pedro, e, no final do ângelus, declarou solenemente: "Quero dar um presente a vocês". E tirou do bolso uma caixinha de remédio. "Este é um remédio que vocês têm que tomar três vezes por dia". Todo mundo pensou numa nova vacina contra a gripe, ou alimentou a súbita esperança no fim do refluxo gastroesofágico, os doentes imaginaram o antibiótico contra todo tipo de doença, os vaidosos pensaram no creme que restauraria a juventude do rosto, a mídia ficou em suspense à espera do anúncio do elixir da imortalidade. Enfim, todos nós ficamos esperando a pílula que iria curar todas as nossas enfermidades físicas e mentais. Mas o papa farmacêutico abriu a caixinha de remédio e tirou de lá dentro um terço.
Além disso, ele te liga às sete da manhã e fala: "Bom dia, eu sou o papa!". Vai saber quanta gente já mandou esse cara para o raio que o parta numa hora dessas! Sim, porque é isso mesmo: quando ele resolve, lá naqueles corredores intermináveis do Vaticano, ele pede a lista telefônica, escolhe um número qualquer e sai telefonando. Dá para ver que ele gosta mesmo de gente, de estar em companhia de gente: olhem só as fotos; ele aparece em mais fotos de celular com grupinhos de pessoas do que os Rolling Stones e a Lady Gaga com todos os fãs deles!
Mas eu quero me concentrar, de maneira especial, numa frase que o papaFrancisco pronunciou quando falava com jovens casais sobre a importância do casamento. Em dado momento da conversa, ele disse o seguinte: "Briguem quanto quiserem. Se os pratos voarem, deixem voar. Mas nunca, nunca terminem o dia sem fazer as pazes! Nunca!".
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Para uma pessoa que trabalha com a comédia e com a ironia, o papa Francisco não pode passar despercebido, até porque o próprio sorriso dele evoca dois grandes comediantes: Stan Lauren e Don Camillo.
Além disso, a ironia é um dos elementos mais significativos deste primeiro ano de pontificado: nunca tínhamos visto um papa que fizesse os fiéis sorrirem tanto ao ouvir os seus discursos. Porque vamos dizer a verdade:muitas vezes, quando um papa fala, nós ficamos numa postura toda retorcida, de braços cruzados, com uma mão apoiando o queixo, olhando para o chão ou para o céu, ou de olhos fechados e testa franzida, e, depois de 45 segundos que o papa começou a falar, o nosso pensamento se perde nos resultados do jogo do nosso time, no carro que tem que ir para a oficina, nas próximas férias de verão... A concentração só volta, com evidente alívio, quando o papa finalmente está dando a bênção final.
O papa Francisco é diferente. Certa vez, ele estava falando sobre a diminuição dos casamentos, sobre os filhos de mais de trinta anos de idade que continuam morando na casa dos pais e que não se decidem a começar uma família. Uma das mães pediu um conselho sobre isso e o papa Francisco respondeu: "Pare de passar as camisas dele". E todo mundo caiu na risada.
Em outra ocasião, ele apareceu na janela de todas as manhãs de domingo, na Praça de São Pedro, e, no final do ângelus, declarou solenemente: "Quero dar um presente a vocês". E tirou do bolso uma caixinha de remédio. "Este é um remédio que vocês têm que tomar três vezes por dia". Todo mundo pensou numa nova vacina contra a gripe, ou alimentou a súbita esperança no fim do refluxo gastroesofágico, os doentes imaginaram o antibiótico contra todo tipo de doença, os vaidosos pensaram no creme que restauraria a juventude do rosto, a mídia ficou em suspense à espera do anúncio do elixir da imortalidade. Enfim, todos nós ficamos esperando a pílula que iria curar todas as nossas enfermidades físicas e mentais. Mas o papa farmacêutico abriu a caixinha de remédio e tirou de lá dentro um terço.
Além disso, ele te liga às sete da manhã e fala: "Bom dia, eu sou o papa!". Vai saber quanta gente já mandou esse cara para o raio que o parta numa hora dessas! Sim, porque é isso mesmo: quando ele resolve, lá naqueles corredores intermináveis do Vaticano, ele pede a lista telefônica, escolhe um número qualquer e sai telefonando. Dá para ver que ele gosta mesmo de gente, de estar em companhia de gente: olhem só as fotos; ele aparece em mais fotos de celular com grupinhos de pessoas do que os Rolling Stones e a Lady Gaga com todos os fãs deles!
Mas eu quero me concentrar, de maneira especial, numa frase que o papaFrancisco pronunciou quando falava com jovens casais sobre a importância do casamento. Em dado momento da conversa, ele disse o seguinte: "Briguem quanto quiserem. Se os pratos voarem, deixem voar. Mas nunca, nunca terminem o dia sem fazer as pazes! Nunca!".
[Por Giacomo Poretti]
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