Hoje, em conversa com uma amiga que é professora primária, entendi a origem da educação extremamente subdesenvolvida em nosso país, entendi a raiz do problema que assola a vida de tantos brasileiros "agora" e, sobretudo, num amanhã não tão distante. Já não é novidade a constatação do crescimento de uma geração fadada ao desemprego em massa, sobretudo daqueles de classe baixa ou baixíssima. O mercado de trabalho não nos perdoa a falta de base escolar de qualidade, nem tenta compreender se tínhamos ou não incentivo por parte dos educadores, pais ou responsáveis. A enorme deficiência em matérias que muitos consideram não tão essenciais, posteriormente, não será atribuída ao quão desestimulado um professor é, os grandes empregadores jamais se preocuparão com esses detalhes, ao contrário, preterirá qualquer candidato que não lhe seja cem por cento conveniente, isso sem com a opção que o mesmo pode acatar de contar com a agilidade dos programas criados na eclética tecnologia de computadores, que passam à frente de qualquer humano que venha a ter pretensão de preencher uma determinada vaga, um programa sequer específico é capaz de tornar desnecessária a contratação de muitos, e isso já é teoria obsoleta, só tende a agravar.
Essa amiga, da qual falei, disse-me que o magistério tira-lhe todo o tempo, e que em troca disso, ainda não lucra o suficiente para ter uma vida digna, isso também não é um dado ignoto à sociedade e autoridades brasileiras, a grande interrogação reside no que se tem feito por todos para pôr um fim peremptório a esta pouca vergonha. Essa é uma questão tão prolixa que, na medida em que Cláudia me coloca a par de sua realidade, fui dominada por uma revolta, principalmente quando percebi a gravidade do que está a se passar neste país, da dificuldade que a profissão mais importante para um futuro probo, íntegro desta nação, traz para quem a escolhe, e a mediocridade com que são tratados os frutos deste feito, sendo estes, essenciais para a evolução de uma sociedade.
É deveras assustador como o Brasil subestima esses heróis, é triste a desvalorização dispensada aos mesmos, e quando me vem à mente uma declaração dada este mês por um "MC" desses da nova moda, ou melhor, uma febre, uma verdadeira praga, uma "pandemia nacional", quando afirmou muito soberbamente ganhar mais de cem mil reais por mês, e gastar, no mínimo, três mil reais numa mera ida ao shopping, pasmem, mas esta é a lúgubre e lamentável realidade de nosso país.
Reflete-se então, quem são os culpados? Nós, digo, "o Povo", elemento obrigatoriamente constitutivo desse Estado maior que afirma-se ser impulsionado pelo desejo de promoção da "ordem e progresso" para toda a nação, tanta jactância usada nos gritos de muitos ao pronunciar o hino nacional, para quê? Se quando erguem-se da "Justiça" a clava forte, vê-se logo que o filho desta nação foge sim à luta, e teme, teme muito, tantas coisas supérfluas, quem dirá a morte? Precisamos de professores que nos esclareçam que o Garrido existente em nosso hino nacional não é o sobrenome de um cantor de reggae, ou ainda, que saibam da subsistência desse adjetivo em nosso grito de guerra nacional.
Ah, meu povo! A culpa não é exclusiva da presidenta, nem ela, nem os deputados, médicos, quiçá nem mesmo os próprios professores valorizam o nobilíssimo trabalho dos educadores, notem como a classe profissional da medicina reivindica seu reconhecimento exacerbado, altamente corporativista, se supervalorizam ao ponto de jamais se sujeitarem a qualquer espécie de ordem vinda de onde quer que seja, são simplesmente superiores a tudo e a todos, sabem porquê? Pelo simples fato de que estes têm a consciência de seus valores únicos, de que na falta deles, quem poderá salvar as vidas em risco? A saúde é urgente, sempre, mas a educação...vai-se protelando, protelando e quando nos deparamos com a realidade cruel..(do desemprego, da humilhação e desordem governamental) queremos atirar toda a culpabilidade na corrupção, na ganância cega, no egoísmo. Não, não, isso tudo são frutos de uma árvore(problema) cuja raiz contém outras tantas prioridades que não a educação.
Quando crianças, nenhum de nós temos o livre arbítrio de optar por uma boa ou má educação, costumes e cultura, isso tudo nos são impostos seja pelo governo, pelos professores, pelos pais, pela conjuntura da nossa família como um todo, enfim, somos como marionetes, vinculados à escolhas de quem goza de nossa tutela, permanente ou não. Muito diferentemente ocorre com o passar dos anos na vida de um indivíduo, é possível sim se entrar pela porta estreita, em todos os aspectos. Muitos se perguntam, mas e como fazer quando os próprios pais ou mesmo educadores consideram cultura ultrajante (como a idolatria pelos apologizadores do funk) a mais viável? Não me venham com a velha e obscura justificativa de que uma andorinha só não faz verão. É preciso que a primeira andorinha se manifeste, para que a partir daí as outras acomodadas percebam o mundo sob outro olhar, isso é que é preciso, não vêem? As minorias já começam a serem ouvidas, nos tribunais, nas manifestações, nos telejornais, ou mesmo nas prisões. Necessitamos acordar Brasil, semear a consciência de que não podemos cobrar nada dos governantes enquanto a mudança não começar por nós mesmos, nossos valores carecem ser radicalmente convertidos, ou do contrário, desconhecido será, e temo que sombrio em demasia, o futuro dessa nação.
Priscilla L. S. Pereira, João Pessoa - PB, Brasil, 28 de julho de 2013. Do capítulo "Nossa causa!", em "Exercendo um Direito Constitucional personalíssimo: A liberdade de expressão".
Nenhum comentário:
Postar um comentário